terça-feira, 28 de junho de 2011

"O Policial"


Há gente que ainda não sabe
O que a Polícia significa
Por maldade a crítica
Sem conhecer a verdade
E nesta oportunidade
Parafraseando os doutores
A Polícia meus senhores
É o exército da sociedade

Para proteger vos dar sossego
Lutamos de fronte erguida
Arriscamos nossa vidas
Para proteger as vossas
E gente ainda faz troças
Quando somos pisoteados
Dão razões aos renegados
 As razões que eram nossas
Essa gente erra senhores
Quando não erram se enganam
Pois errar é coisa humana
Quando o engano não vem
Se o policial errar também
Há sempre alguém que o entrega
E finge que não enxerga
Quando ele pratica o bem
Somos aquele alvo humano
Das armas dos delinquentes
Estamos sempre presentes
Nos combates contra o mal
Somos a guarda social
Desta batalha renhida
Arriscar à própria vida
É o lema do Policial
O Policial que é casado
Não vive para a família
Sem poder ao filho ou a filha
Dar um pouco de carícias
Do lar não colhe delícias
Porque na cidade ou no morro
Há sempre um grito de socorro
Chamando pela Polícia
Quando sai em diligência
Despede-se dos filhos seus
Vai com Deus, papai, vai com Deus
Lhe diz o filho querido
Depois então tem se lido
Em manchete de jornal
Foi morto um policial
Ao prender um foragido
Tristonho o filho pergunta
A sua mãezinha que chora
Por que meu papai demora?
Estou com saudades demais
Quero expandir os meus dias
Com forte beijo em sua testa
Para depois cantar em festa
A linda canção dos pais
Sim, meu filho adorado
Hoje é o Dia dos Pais
Mas o teu não volta mais
Você tem que compreender
É triste mas vou dizer
O teu Pai minha flor querida
Ontem perdeu a vida
No cumprimento do dever
E o filho nada entende
Do que a mãezinha lhe diz
Continua bem feliz
Esperando o amado pai
O sol desmaia, a noite cai
Venta muito, é mês de outono
E o pequeno sente o sono
E o bercinho lhe atrai
Noutro dia de manhã
Faz perguntas sem receio
Mamãe, papai já veio
Mas de repente se cala.
Esmorece perde a fala
Ao ver o pai do coração
De mãos postas no caixão
Sobre a mesinha da sala
Neste momento compreende
Ao ver a sala tão triste
Seu peitinho não resiste
Dos olhinhos rola o pranto
Pois o pai que o queria tanto,
Lhe deixou na solidão
Foi cumprir outra missão
Com destino ao Campo Santo
E o pequenino fica tristonho
Com os olhos razos dágua
Fica enxugando sua mágoa
Que um delinqüente causou
A herança que lhe restou
Foi uma placa com a gravura
"Honra ao mérito por bravura"
Que o próprio tempo gravou
E hoje com sua mãe
Nos dedinhos vai contando
Os anos que vão passando
E o tempo que o pai morreu
Do mesmo não esqueceu
Conta dez, conta onze
E aquela placa de bronze,
Nunca um abraço lhe deu
Vejamos a outra face
Em que meu nome figura,
É sem placa sem gravura
Não tombei porque Deus não quis
Senhores aquilo que fiz
Foi sem rancor e sem maldade
Para dar paz a sociedade
Eu tive um golpe infeliz
Numa noite negra fria
Chovia torrencialmente
Fui chamando de repente
Para atender a ocorrência
Deixei com paz a paciência
O mundo alto que dormia
Quando o baixo se divertia
Nos vapores da violência
Procurando manter a ordem
Fui em busca de um delinqüente
Que furioso violentamente
Quis roubar a vida minha
Mas, a sua sorte foi mesquinha
Não completou o arramate
E eu para não ficar no combate
Usei dos meios que tinha
Vejam meus senhores
A situação que fiquei
Contra a vontade matei
Para salvar a minha vida
E desta luta renhida
Recebi como troféu
Tormento num banco de réu
Julgado por homicida
Mas diante de sete homens
Foi revivido meu drama
E Deus Pai Divino que ama
Iluminou mente por mente
E perante o povo presente
Guiou o desfecho final
E num silêncio total,
Ouve-se o magistrado:
"Declaro o réu inocente"
Sendo assim eu peço à Deus
Que apague o que aconteceu
E faça mais do que eu
Um policial de retorno
Que diga ele de novo
À grande massa social
Que o braço do Policial
É a segurança do povo.

Medo, Respeito, Companheirismo

Por:

José Ricardo


O Sergeant Mike estava em casa, tentando curtir o dia de folga. Procurava esquecer do serviço. De repente, o interfone tocou. Sua esposa atendeu.
- Oi.
- É o Soldier Bumark quem tá falando. É da casa do Sergeant Mike?
- Sim. Você quer falar com ele.
- Quero. O captain pediu pra dar um recado pra ele.
- Abri o portão. Pode entrar.
A esposa chamou Mike.
- Levanta aí que Bumark tá querendo falar com você. Disse que é recado do captain.
Mike levantou-se da cama com a cara toda amarrotada. Apesar das circunstâncias, não sentiu raiva por estar sendo incomodado em seu horário de folga; já havia se acostumado com isso. Abriu a porta.
- Entra, Bumark. Aceita um café?
- Não, sergeant. Eu só vim dar um recado do captain. Ele disse pro senhor fazer o relatório.
- Relatório?
- Ele disse que o senhor sabe o que é.
- Ah, é verdade. Achei que ele não estivesse com pressa. Beleza. Entra aí, vamos tomar um café.
- Não não, sergeant. Eu vim só pra dar o recado. Desculpe ter incomodado o senhor.
- Esquenta não.
- Eu vou lá então, sergeant.
- Beleza. Obrigado.
Bumark se foi.
A esposa de Mike, sem querer, ouviu a conversa dos dois e algo lhe chamou a atenção.
- Amor, parece que Bumark estava com medo.
- Você achou?
- Achei. Ele formou tem pouco tempo?
- Tem. Acho que tem uns dois meses que ele formou.
- Você também era assim quando se formou?
- Assim como?
- É... Com medo dos superiores?
- Era. Talvez até mais. Na verdade, eu nem gosto de lembrar do meu curso de soldado. Saí de lá com ódio e medo.
- Você ainda tem medo?
- Agora, não, mas durante um bom tempo eu tive. Com o passar dos anos, fui vendo que muita coisa que acontece nos cursos são mera encenação. Um teatro. Também eu fui vivenciando certos fatos e percebendo determinadas situações que me fizeram perder até o respeito por alguns superiores. Restou apenas o militarismo. Continência, senhor, meia-volta, permissão para entrar no recinto. Tudo encenação. Se você encarar de forma diferente, você se inferioriza, diminui a si mesmo. Se me tratarem mal, eu trato mal também. Se gritarem comigo, eu grito também. Eu nunca fiz, mas se for preciso, se me tratarem com ignorância, eu mando até pra #$%$#()*&#@! Vou preso, eu sei. Se eu trato todo mundo com educação, porque vão querer me tratar com estupidez?
- O que acontece nos cursos da Military Police pra vocês saírem de lá assim?
- O cara tem duas opções. Ou pede baixa, ou aceita as idiossincrasias dos instrutores. Se você não pede baixa, você tem que aceitar. Certa vez, antes de ir para o curso de sergeants, um lieutenant disse pra mim e pros outros militares que estavam fazendo o TAF para ingresso no curso: “Vocês vão ter que engolir muito sapo. Faz parte.”
- E aí?
- Aí que, ou você aceita os sapos, revoltado e com ódio por dentro, ou pede pra sair. O que você escolheria?
- Depende?
- Você vai perder o emprego ou o aumento do salário proporcionado pela promoção? Então, não tem muita escolha. Tem que engolir os sapos durante o curso...
- Verdade.
- Triste verdade! Eu não acho que isso seja bom. Por exemplo, quando eu chego ao quartel, os cables e soldiers se levantam para me prestar a continência regulamentar. Eu não gosto disso; me sinto mal, porque sei que é tudo encenação, um grande teatro. Eu gosto é de chegar, cumprimentar o pessoal, brincar... O ambiente fica melhor. É até difícil para conversar com uma pessoa se ela toda hora fica me chamando de senhor. Fica parecendo que ela é realmente inferior, algo que não é verdade. Somos todos iguais, independente de graduação ou posto. O que deve existir é o respeito e, acima de tudo, o companheirismo. O principal é o companheirismo. Eu tenho que respeitar o soldier, assim como ele tem que me respeitar, porque é ele quem me salva nos momentos de dificuldade. Ninguém é melhor do que ninguém neste mundo. Uns e outros, para se acharem melhor, inventam teorias ou enganam a si mesmo utilizando-se de entidades abstratas como a aprovação em um concurso, o sofrimento de um curso, insígnias reluzentes no ombro ou na manga da gandola...
- Pra gente que é de fora, tudo parece muito estranho.
- Tentam justificar essa estranheza sob o argumento da hierarquia e disciplina, pilares da instituição - Mike sorri. Depois continua. - Por acaso não existe hierarquia e disciplina em grandes empresas como a Vale, a Petrobrás, a Volkswagen, a Fiat, a Ford, e muitas outras empresas e organizações? Claro que existe, só que de forma diferente. Eu tiro o exemplo do meu pai. Nunca vi ele chamar nenhum chefe de senhor, mas nem por isso ele os trata com desrespeito. Ele até parece ser amigo de muitos.
- Você acha que isso vai mudar um dia?
- Sei lá... Se nada muda, nada muda! Alguém tem que dar o primeiro passo.


Nota: Esta é uma obra de ficção. Qualquer semelhança com fatos reais é mera coincidência.

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